Thursday, October 05, 2017

"Chocante"



Comédia é para fazer rir. Então será que "Chocante", direção de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, pode ser considerado comédia? Não vemos aqui ninguém fazendo caretas, se jogando no chão, gritando histericamente. O que temos mais é filme que consegue transmitir muito sentimento nostálgico de uma época, no caso o final dos anos 1980 e começo da década de 1990, e o auge das boy bands. Quem não se lembra? Polegar, Dominó, todas imitando seus similares americanos, como Backstreet Boys, New Kids On The Block e Take That.

Pois "Chocante" conta a história fictícia da boy band Chocante, que viveu seu auge durante oito meses, e que acabou durante a transmissão de um programa de tevê. Aqui a brincadeira fica por conta do Domingo Legal, do Gugu. Vinte anos depois, quatro dos cinco integrantes se reúnem no velório de um deles. E ao encontrar uma fã histérica, que ainda vive como se estivesse naquela época, vivida por Débora Lamm, os rapazes, agora senhores gordinhos e fora de forma, decidem tentar reviver o sucesso.

Clay (Marcos Majela) trabalha como locutor num supermercado, Téo (Bruno Mazzeo) é cinegrafista de casamentos e batizados, Tim (Lúcio Maurto Filho) é um oftalmologista, e Toni (Bruno Garcia), dividido entre dirigir um uber ou um táxi. As poucas piadas presentes tiram sarro de eles tentando acertar os passos da dança que os consagraram há 20 anos. O ex-empresário deles, vivido por Tony Ramos, é chamado para tentar acertar alguns shows, e insiste na entrada de um integrante famoso nas redes sociais, Rod (Pedro Neschling). E isso mostra claramente o abismo de gerações. Todos têm seus momentos solo para brilhar um pouco, com destaque para Majela e Garcia.

Mas o que pesa mesmo é a memória sentimental daquele período, visto hoje como brega. A música do grupo fictício, com direito a vídeo-clipe, é um grude só: "choque, choque, choque, choque de amor!". Enfim, não dá para rir muito, mas dá para fazer uma viagem no tempo, mesmo para aqueles que, como eu, não curtiam essas boy bands.

Duração: 1h34min

Cotação: bom
Chico Izidro

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